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Ensino de música beneficia a educação em sua totalidade
03 Fevereiro 2014 | Por Sandra Machado
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Em 2008, uma lei federal tornava obrigatório o ensino da música na Educação Básica, não necessariamente como uma disciplina específica, mas como parte da formação em artes. A partir da Lei nº 11.769, as escolas públicas e particulares tiveram um prazo de quatro anos para adaptar seus projetos político-pedagógicos e incluir o estudo musical, com bastante flexibilidade. A recomendação do MEC incentiva a inclusão de noções básicas de música, mas também dos cantos cívicos nacionais, apresentação dos sons de instrumentos de orquestra, e que os alunos tenham contato com cantos, ritmos, danças e sons de instrumentos regionais e folclóricos, a fim de ampliarem seu conhecimento sobre a riqueza das manifestações culturais do Brasil. Pesquisas comprovam o que professores observam em sala de aula: crianças que estudam música apresentam maior desenvolvimento do raciocínio lógico e da capacidade de concentração, o que beneficia seu desempenho escolar de uma forma geral.

Neuroplasticidade do cérebro infantil

cerebroO cérebro humano está permanentemente em construção. As experiências com as quais cada pessoa se defronta no dia a dia, sejam elas situações de aprendizagem ou não, acabam por interferir na estrutura cerebral, o que constitui um princípio conhecido entre os cientistas como neuroplasticidade. Durante a gestação, o órgão se desenvolve bastante, mas o nascimento da criança está longe de ser o fim desse processo, como explica Roberto Lent, professor de Neurociência do Instituto de Ciências Biomédicas da URFJ. “Cada rede de regiões cerebrais e suas funções têm um período crítico de plasticidade, durante o qual há grande possibilidade de intervenção do ambiente. É o caso do aprendizado de uma segunda língua, por exemplo – muito mais fácil e perfeito se realizado até a adolescência.” Por essa razão, completa o professor, é crucial que a intervenção educacional seja garantida durante a infância e adolescência.

O processamento do som, no contexto geral da aprendizagem, é compartilhado por diversas regiões do cérebro. Cada uma delas cuida de um aspecto específico da audição. “Algumas identificam os tons; outras, a localização de origem do som; outras, o timbre”, ressalta Lent. “Há regiões de função mais complexa, como diferenciar se um som é linguístico ou musical, ou se é um som proveniente da mamãe, do papai ou de uma pessoa desconhecida.“

A propósito da música, o especialista identifica uma série de vantagens quando se começa a tocar um instrumento durante a infância. “A criança aprende a focar a sua atenção, o que repercute positivamente nas outras esferas de aprendizagem; tem contato com a música, que é um aspecto da cultura; exercita sua capacidade de discriminação de tons e timbres, tudo isso com muito prazer e motivação, o que faz muito bem para sua saúde psicológica.” Quanto mais cedo, melhor, para aproveitar o período crítico de plasticidade do cérebro. O estudo de línguas estrangeiras, embora seja um processo neural diferente do que ocorre quando se estuda música, apresenta um ponto em comum com ele: ambos são formas de aprendizagem auditiva complexa.

GEC do Samba já comemora resultados da educação musical

GEC do SambaDesde o ano passado, a E.M. Chile (4ª CRE) passou a integrar o grupo das escolas que implantaram o modelo do Ginásio Experimental Carioca. Seu ponto alto é a educação musical, aproveitando que um traço marcante daquela área geográfica é o gosto pelo samba. Localizado em Olaria, o GEC do Samba fica no mesmo bairro que a quadra do Bloco Cacique de Ramos, considerado Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro. “Aqui, os alunos estudam teoria musical e leitura de pauta. Todos têm aula de quatro instrumentos, musicalização e canto coral”, explica Eliane Lotério. Segundo a diretora da escola, já é possível perceber um grande desenvolvimento nos alunos durante o primeiro ano do novo modelo.

“Primeiro porque as atividades despertam o interesse geral, tornando a escola muito mais atraente. E também porque elas aguçam a concentração do aluno em todas as disciplinas da grade curricular, além de estimular o senso de responsabilidade e de compromisso. O fato de o Ginásio ter horário integral propicia uma maior integração de alunos e professores.” Outro ganho importante assinalado pela diretora Eliane é algo que cada um leva para o resto da vida: “Estamos, sem dúvida, colaborando para a formação de um público crítico”.

As atividades musicais são realizadas diariamente, nos dois primeiros tempos da manhã e nos dois tempos logo após o almoço. “Todos os alunos da escola têm aula de todos os instrumentos que são oferecidos na grade, como teclado, violão, percussão e flauta. Nas disciplinas eletivas eles aprofundam os estudos com o instrumento de sua preferência”, enfatiza Eliane. Para ela, a proposta do Ginásio Experimental é uma experiência inovadora que está dando muito certo. Cada apresentação, no GEC ou fora dos muros da escola, se torna sempre um grande evento para todos os alunos.

Pais devem estimular o interesse pela música

instrumentosCrianças que aprendem a apreciar a música costumam ser mais serenas e sensíveis. No tempo livre em família, convém apresentar a elas estilos diferentes daqueles aos quais elas estão acostumadas. Uma forma divertida de ampliar o repertório musical é cantar para seus filhos músicas de sua infância, ou do tempo dos avós.

Cultivar o hábito de frequentar salas de concerto, shows e musicais oportuniza experiências sensoriais bastante ricas para a garotada, que tem a oportunidade de estar em contato direto com o canto e o som dos instrumentos. Mostrar às crianças livros sobre música e, quem sabe, despertar nelas o interesse de aprender a tocar um instrumento também são formas de instigar talentos adormecidos, que talvez aguardem apenas uma boa oportunidade para se manifestar.

Ainda que os pais não estejam diante de futuros artistas, existem duas vantagens importantes durante o processo. O entendimento de que música é essencialmente trabalho de equipe, já que bandas e orquestras dependem de uma série de instrumentistas, e também o estímulo à criação, o que sempre contribui para a valorização da autoestima.

 
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